Para os que vieram do século passado, a proximidade da passagem para o novo século gerava enormes expectativas. Uma delas era o chamado “bug do milênio”, situação hipotética na qual os computadores entrariam em colapso porque não estavam preparados para processar a data correta e voltariam ao ano de 1900, gerando um caos nas comunicações, tráfego aéreo e o risco de explosões em usinas nucleares. Nada de grave aconteceu e a humanidade ultrapassou essa anunciada tragédia cronológica sem maiores repercussões. |
Passados mais de uma década e meia no novo século, estamos vivenciando uma enorme revolução tecnológica em todos os níveis e em especial na comunicação humana, promovendo uma “conectividade” impensável no final do século passado. O mais impressionante é a velocidade com que essas inovações vão tomando conta dos nossos espaços, modificando nossos hábitos, trazendo soluções e, por que não dizer, novos problemas para serem solucionados. |
A Medicina sempre esteve ao lado da inovação, que nem sempre foi tecnológica e de alto custo. A invenção que mais salvou vidas, classificada por muitos como a principal descoberta do século passado, foi a determinação das medidas certas de água, sal e açúcar na preparação do soro caseiro. Estima-se que essa “mistura” criada pelo médico austríaco Norbert Hirschhorn, possa ter salvado mais de 50 milhões de vidas humanas, acometidas de desidratação aguda. |
Há uma grande expectativa relacionada à repercussão que a inovação tecnológica trará a prática médica e ao cuidado da saúde humana nas próximas décadas. A ciência se debruça em temas como órgãos artificiais, edição de genes, medicina regenerativa através de células tronco, análise matemática de gigantescos bancos de dados através de inteligência artificial, internet da saúde com seus mais variados aplicativos e aperfeiçoamento do arsenal tecnológico já disponível para diagnóstico e tratamento das doenças. Assim como ocorreu com a comunicação, teremos velozes modificações nesses campos de atuação e devemos nos preparar para assimilar essas inovações, sem negligenciar os princípios da ética e da bioética. O médico continuará sendo o elo entre a evolução da medicina e o seu paciente. |