TRIBUNA DO NORTE FALTAM MÉDICOS NO HOSPITAL REGIONAL DE CAICÓ Um dos graves problemas reclamados por parte da população caicoense na área de saúde é a ausência de médicos de plantão no Hospital Regional. Mas o número de profissionais lotados na referida unidade hospitalar é até além do necessário. O problema é o desvio de funções. Muitos dos médicos atendem em outros setores da cidade e deixam de atender onde são lotados, com autorização do governo do Estado, responsável pelo pagamento dos salários. A confirmação foi dada pelo diretor-administrativo do Hospital Regional, Francisco Gregório de Azevedo. A palavra dificuldade sempre esteve presente de forma acentuada no dicionário do atual Hospital Regional que já teve outras denominações. Na década de 60, o extinto SESP administrava uma unidade hospitalar, que atualmente é denominada de Hospital do Seridó, mantido pela Fundação Carlindo Dantas. Num período considerado negro na história de Caicó, quando alguns médicos foram assassinados por questões profissionais e políticas, sem ter a certeza que a motivação teria sido essa, o SESP abandonou suas atividades na cidade. Em 1986, um grupo de mulheres, tendo a frente a ex-vereadora Nailde Dantas, encabeçou um movimento tentando junto às autoridades, o retorno do Hospital do SESP para Caicó. Na época o coordenador do SESP no Rio Grande do Norte, era o médico Jaime Calado (atual prefeito de São Gonçalo do Amarante) que deu o aval ao grupo. Na ocasião, o hospital que antes pertenceu ao SESP, na década de 60, já estava sob o controle da Fundação Carlindo Dantas. Havia com isso, a necessidade da construção de um outro hospital. Como a prefeitura alegava não dispor de um terreno na Zona Oeste, área considerada ideal para a construção da referida unidade, o Atlético Clube Corintians se propôs a fazer uma permuta de uma área que lhe pertencia, por outra situada nas imediações do clube social, pertencente ao SESP. “O terreno que pertencia ao SESP passaria a ser do Corintians e o terreno que era do Corintians passaria a ser do hospital. Isso foi aprovado em assembleia, mas nada foi legalizado no papel”, explica Francisco Gregório de Azevedo, informando que essa situação ainda está pendente. A unidade foi construída e já com a denominação de Fundação Nacional de Saúde (Funasa), foi inaugurado o hospital que ficou conhecido na região como Hospital do SESP.“E aí funcionou durante alguns anos mantido pelo governo federal. Só que houve uma descentralização das ações de saúde. O Ministério da Saúde decidiu que não iria mais administrar hospitais. No caso de Caicó, a prefeitura não quis ficar com a administração, nem o governo do estado também quis”, explica o diretor. Por existir uma resolução do Ministério da Saúde em não administrar mais unidades hospitalares, o Hospital do SESP foi fechado em 2002, provocando um grande impacto negativo na população da região. Grupo cria consórcio entre prefeituras da região Como dificuldade sempre foi uma palavra presente no linguajar da citada Casa de Saúde, surgiu outro movimento. Um grupo de representantes da sociedade civil organizada promoveu reuniões, pedindo apoio na época do bispo diocesano, dom Jaime Vieira Rocha, até conseguir uma audiência em Brasília no Ministério da Saúde. Rui Pereira dos Santos, atual secretário estadual de Educação, na época era prefeito de Serra Negra do Norte e levantou como sugestão a criação de um consórcio intermunicipal, formado por prefeituras da região, para assumir o controle do hospital e reabri-lo, tendo sido acatado pelo Ministério da Saúde, que financiou o funcionamento durante alguns meses. Até hoje o hospital continua sob a administração do consórcio. Em meio a períodos de crises na saúde pública, o Hospital Regional não deixou de ser atingido, ficando sobrecarregado no atendimento porque nos últimos oito anos foram fechados dois hospitais em Caicó: A Maternidade Mãe Quininha e o Hospital Tiago Dias. Restam apenas o Hospital do Seridó e o Hospital Regional, recaindo a carga maior de atendimento, sobre o segundo. Mesmo sendo administrado por um consórcio intermunicipal, legalmente em documento a gerência é da Associação dos Municípios do Seridó, formada pelas prefeituras de São Fernando, Jardim de Piranhas, Timbaúba dos Batistas, Serra Negra do Norte, São José do Seridó, Caicó, Ipueira e São João do Sabugi. “Esses municípios contribuem com um percentual muito pequeno. Apenas 0,5% da receita desses municípios é repassada para a manutenção do hospital”, comenta o diretor. O governo do Estado, segundo Francisco Gregório de Azevedo, nos últimos anos, foi criando uma parceria com o Hospital Regional. “Mas o governo do Estado não repassa nenhum valor monetário para o hospital. Mas, o governo efetua o pagamento dos salários de grande parte dos funcionários, entra com uma parte de medicamentos, manda gêneros alimentícios não perecíveis, paga aos vigilantes, à empresa de limpeza e higienização e a parte de médicos e enfermeiros contratados pelo estado”. O diretor-administrativo comenta que um dos problemas considerados mais graves do Hospital Regional, era a ausência de profissionais para trabalharem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Problema, resolvido segundo ele, com a contratação de quatro médicos aprovados no recente concurso público promovido pela secretaria estadual de Saúde. “Mas enquanto foi resolvida a questão de pessoal, a parte de equipamentos deixa muito a desejar. Temos cinco leitos na UTI e só temos um respirador. Se chegar mais de um paciente que necessite desse tipo de equipamento, tem que ser encaminhado para Natal”, comentou. Francisco Gregório reconhece que existe precariedade também no setor de urgência e emergência. “Temos equipamentos que servem para atender no setor de urgência e emergência e na UTI, ao mesmo tempo”, cita. Médicos não querem dar plantões O Hospital Regional funciona com 39 funcionários, lotados na Associação dos Municípios do Seridó e 77 bancados pelo governo do Estado. Além de 4 vigilantes e 33 servidores de uma empresa privada, todos contratados pelo governo estadual. A unidade dispõe de 75 leitos normais e 5 de UTI. “A gente conta com especialidade em traumatologia, de urgência e emergência, cirurgias, laboratórios durante 24 horas, raios-x, também durante 24 horas. A deficiência profissional que a gente tem é porque não existem profissionais disponíveis no mercado que queiram tirar plantões na urgência e emergência. Hoje a gente tem sete médicos que se revezam nesse setor. A gente traz médicos de Patos, de Campina Grande, na Paraíba, porque os profissionais lotados no Seridó não têm disponibilidade porque muitos trabalham no PSF”, explica Francisco Gregório. Um dos motivos, segundo Francisco Gregório, que dificulta a contratação de médicos plantonistas é a grande demanda, porque nos municípios vizinhos não existem programa de atendimento básico. “Nesse período de virose, tem dia que um médico plantonista chega a atender até mais de 160 pacientes, a maioria de outras cidades”, disse. Diretor confirma desvio de funções A ausência de médicos no Hospital Regional poderia ser contornada, se não houvesse desvio de funções. Muitos médicos recebem salários do governo do Estado, como se estivessem trabalhando no Hospital Regional, quando na verdade prestam atendimento em outras unidades. “Existe realmente uma incoerência. Enquanto falta médico para tirar plantão no Hospital Regional, existe uma quantidade bem significativa de médicos lotados no Hospital Regional que prestam serviços em outros setores”, comenta o diretor. Francisco Gregório de Azevedo diz não ter conhecimento do montante financeiro exato que o governo do Estado custeia para a parte de pessoal, equipamentos e medicamentos do Hospital Regional, mas calcula, algo em torno de 500 mil reais. “Mas na realidade, esses 500 mil não são investidos totalmente no hospital. Porque muitos profissionais recebem como se trabalhassem aqui, mas trabalham em outros setores”, comenta. O diretor-administrativo realça que se todos os médicos lotados pelo governo do Estado, no Hospital Regional, dessem expediente no local de origem, sobrariam médicos. “Com certeza tinha médico sobrando. A gente teria três médicos em cada plantão, de cada setor, na urgência e na UTI”. Segundo Francisco Gregório, mensalmente, as prefeituras que formam o consórcio, desembolsam em torno de 30 mil reais para pagamento de plantonistas, que poderia ser economizado, se os médicos lotados no hospital dessem plantão. “A gente ainda tem uma folha de pagamento de 35 mil reais com o pessoal que é contratado pelo consórcio, que são os 39 servidores”, narra. O consórcio de prefeituras é responsável pela contratação de oito médicos e trinta e nove funcionários. O governo do Estado paga a seis médicos que tiram plantões na UTI, dois anestesistas, três de sobreaviso de cirurgias, dois radiologistas e um traumatologista. Enquanto isso, segundo Francisco Gregório de Azevedo, 19 médicos lotados no Hospital Regional, exercem suas atividades no Hospital do Seridó, no Hospital Milton Marinho e no CRIS(Centro Regional Integrado de Saúde). Além da contribuição dos municípios que formam o consórcio, o Hospital Regional recebe mensalmente em torno de 70 mil reais de AIHs, geradas por atendimentos via SUS, que é repassado através da prefeitura de Caicó. Com relação ao atendimento denominado de média complexidade, a unidade hospitalar recebe por mês, cerca de 32 mil reais. “Mas a gente sempre trabalha com déficit financeiro”, diz o diretor. DENTISTAS SÃO CONTRA NOVA TAXA PARA COLETA DO LIXO HOSPITALAR Independente de produzirem até menos de 100 gramas de lixo hospitalar por mês, muitos dentistas da cidade são obrigados a pagar, no mínimo, R$ 70 mensais para o recolhimento e incineração do material. O presidente do Sindicato dos Odontologistas do RN (Soern), Ivan Tavares, afirma que a categoria quer da prefeita Micarla de Sousa uma posição sobre a mudança na forma de coleta atual, feita exclusivamente por empresas privadas e com custos bancados exclusivamente pelos profissionais. “Queremos uma audiência com a prefeita, ou alguém que tenha ‘carta branca’ dela para falar em seu nome, já que para nós não é só uma questão judicial, é também uma questão política”, afirma o sindicalista. Atualmente o Soern questiona na Justiça a Lei Municipal 8.702, de 2002, que regulamentou essa coleta. A categoria conseguiu uma liminar suspendendo seus efeitos, em março de 2006, porém em novembro do ano passado a juíza Suely Fernandes, esposa do autor da lei, o vereador Hermano Morais, revogou a liminar. De acordo com o assessor jurídico do sindicato, Breno Cabral, o processo voltou à “estaca zero”, pois agora será novamente redistribuído e a liminar vai ter de ser novamente analisada. “No nosso entender, ao estipular essa lei a Prefeitura está instituindo um novo tributo, que chamamos de ‘taxa de lixo hospitalar’, quando de fato a limpeza pública já é prevista na taxa paga junto com o IPTU”, enfatizou o advogado. Ele lembra que a Prefeitura não dispõe de incinerador e, por isso, os profissionais são obrigados a fechar contratos com empresas privadas. Segundo Breno Cabral, outras categorias também já questionam a legislação e a expectativa é que todas se unam em prol da mudança das regras. “É lamentável, por exemplo, que um dentista cujo consultório produz menos de 100 gramas de lixo tenha de pagar o mesmo que clínicas cuja produção é de quatro a cinco quilos”, compara. O valor mais baixo pago pelo serviço, de acordo com a pesquisa do sindicato, foi de R$ 18 semanais. “Se preciso, estamos dispostos a fazer movimentações em frente à Prefeitura e à Câmara, para que algo seja feito pelos odontólogos. Sabemos que é preciso uma coleta especial, mas o ente público precisa ter sensibilidade, porque o que há hoje é um conluio com a iniciativa privada”, critica Ivan Tavares. O MOSSOROENSE CÂMARA APROVA PROJETO DE SANDRA QUE RACIONALIZA USO DE MEDICAMENTOS MACROBIÓTICOS EM HOSPITAIS A Câmara dos Deputados aprovou na última terça-feira, em caráter conclusivo, o Projeto de Lei 6492 de 2006, da deputada federal Sandra Rosado (PSB-RN), que trata da dispensa de medicamentos antimicrobianos e assim contribuir o uso de forma mais racional. A matéria foi aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e segue agora para apreciação do Senado Federal. A proposta de Sandra Rosado recebeu parecer favorável do deputado federal Regis de Oliveira (PSC-SP), que considerou a iniciativa da parlamentar como de grande contribuição para a saúde pública. “Há muito tempo, a classe médica e a própria imprensa vêm publicando estudos e matérias que denunciam o uso abusivo e irracional de antimicrobianos, tanto no nível comunitário como em serviços de saúde, com reflexos negativos sobre indicadores de infecção hospitalar e de custo operacional dos serviços de saúde”, justifica o relator. Sandra Rosado ressalta que o uso abusivo tem se revelado grave em vários hospitais e que por isso diversas estratégias têm sido sugeridas por especialistas visando minimizar o problema das intoxicações pelo uso inadequado. “Por isso fico feliz com a aprovação por parte da Câmara, pois essa proposta pretende exatamente regulamentar a venda dos medicamentos antimicrobianos e assim manter um maior controle na sua prescrição e na sua dispensação, como forma de contribuir para um uso mais racional”, ressalta Sandra Rosado. No Senado Federal a matéria será analisada em comissões para só depois receber o parecer do Plenário. Se aprovada segue para sanção presidencial e depois disso vira lei. JORNAL DE FATO TEM MÉDICO SOBRANDO NA FOLHA DE PAGAMENTO E FALTANDO NO ATENDIMENTO Um dos graves problemas reclamados por parte da população caicoense na área de saúde é a ausência de médicos de plantão no Hospital Regional. Mas o número de profissionais lotados na referida unidade hospitalar é até além do necessário. O problema é o desvio de funções. Muitos dos médicos atendem em outros setores da cidade e deixam de atender onde são lotados, com autorização do Governo do Estado, responsável pelo pagamento dos salários. A confirmação foi dada pelo diretor-administrativo do Hospital Regional, Francisco Gregório de Azevedo. A palavra dificuldade sempre esteve presente de forma acentuada no dicionário do atual Hospital Regional que já teve outras denominações. Na década de 60, o extinto SESP administrava uma unidade hospitalar, que atualmente é denominada de Hospital do Seridó, mantido pela Fundação Carlindo Dantas. Num período considerado negro na história de Caicó, quando alguns médicos foram assassinados por questões profissionais e políticas, sem ter a certeza que a motivação teria sido essa, o SESP abandonou suas atividades na cidade. Em 1986, um grupo de mulheres, tendo a frente a ex-vereadora Nailde Dantas, encabeçou um movimento tentando junto às autoridades, o retorno do Hospital do SESP para Caicó. Na época o coordenador do SESP no Rio Grande do Norte, era o médico Jaime Calado (atual prefeito de São Gonçalo do Amarante) que deu o aval ao grupo. Na ocasião, o hospital que antes pertenceu ao SESP, na década de 60, já estava sob o controle da Fundação Carlindo Dantas. Havia com isso, a necessidade da construção de um outro hospital. Como a prefeitura alegava não dispor de um terreno na Zona Oeste, área considerada ideal para a construção da referida unidade, o Atlético Clube Corintians se propôs a fazer uma permuta de uma área que lhe pertencia, por outra situada nas imediações do clube social, pertencente ao SESP. “O terreno que pertencia ao SESP passaria a ser do Corintians e o terreno que era do Corintians passaria a ser do hospital. Isso foi aprovado em assembleia, mas nada foi legalizado no papel”, explica Francisco Gregório de Azevedo, informando que essa situação ainda está pendente. A unidade foi construída e já com a denominação de Fundação Nacional de Saúde (Funasa), foi inaugurado o hospital que ficou conhecido na região como Hospital do SESP. “E aí funcionou durante alguns anos mantido pelo governo federal. Só que houve uma descentralização das ações de saúde. O Ministério da Saúde decidiu que não iria mais administrar hospitais. No caso de Caicó, a prefeitura não quis ficar com a administração, nem o governo do estado também quis”, explica o diretor. Por existir uma resolução do Ministério da Saúde em não administrar mais unidades hospitalares, o Hospital do SESP foi fechado em 2002, provocando um grande impacto negativo na população da região. Movimento busca soluções ao hospital Como dificuldade sempre foi uma palavra presente no linguajar da citada Casa de Saúde, surgiu outro movimento. Um grupo de representantes da sociedade civil organizada promoveu reuniões, pedindo apoio na época do bispo diocesano, dom Jaime Vieira Rocha, até conseguir uma audiência em Brasília no Ministério da Saúde. Rui Pereira dos Santos, atual secretário estadual de Educação, na época era prefeito de Serra Negra do Norte e levantou como sugestão a criação de um consórcio intermunicipal, formado por prefeituras da região, para assumir o controle do hospital e reabri-lo, tendo sido acatado pelo Ministério da Saúde, que financiou o funcionamento durante alguns meses. Até hoje o hospital continua sob a administração do consórcio. Em meio a períodos de crises na saúde pública, o Hospital Regional não deixou de ser atingido, ficando sobrecarregado no atendimento porque nos últimos oito anos foram fechados dois hospitais em Caicó: A Maternidade Mãe Quininha e o Hospital Tiago Dias. Restam apenas o Hospital do Seridó e o Hospital Regional, recaindo a carga maior de atendimento, sobre o segundo. Mesmo sendo administrado por um consórcio intermunicipal, legalmente em documento a gerência é da Associação dos Municípios do Seridó, formada pelas prefeituras de São Fernando, Jardim de Piranhas, Timbaúba dos Batistas, Serra Negra do Norte, São José do Seridó, Caicó, Ipueira e São João do Sabugi. Esses municípios contribuem com um percentual muito pequeno. Apenas 0,5% da receita desses municípios é repassada para a manutenção do hospital”, comenta o diretor. O governo do Estado, segundo Francisco Gregório de Azevedo, nos últimos anos, foi criando uma parceria com o Hospital Regional. “Mas o governo do Estado não repassa nenhum valor monetário para o hospital. Mas, o governo efetua o pagamento dos salários de grande parte dos funcionários, entra com uma parte de medicamentos, manda gêneros alimentícios não perecíveis, paga aos vigilantes, à empresa de limpeza e higienização e a parte de médicos e enfermeiros contratados pelo estado”. O diretor-administrativo comenta que um dos problemas considerados mais graves do Hospital Regional, era a ausência de profissionais para trabalharem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Problema, resolvido segundo ele, com a contratação de quatro médicos aprovados no recente concurso público promovido pela secretaria estadual de Saúde. “Mas enquanto foi resolvida a questão de pessoal, a parte de equipamentos deixa muito a desejar. Temos cinco leitos na UTI e só temos um respirador. Se chegar mais de um paciente que necessite desse tipo de equipamento, tem que ser encaminhado para Natal”, comentou. Francisco Gregório reconhece que existe precariedade também no setor de urgência e emergência. “Temos equipamentos que servem para atender no setor de urgência e emergência e na UTI, ao mesmo tempo”, cita. Poucos médicos que têm atuam em outros setores A ausencia de medicos no Hospital Regional poderia ser contornada, se nao houvesse desvio de funcoes. Muitos medicos recebem salarios do governo do Estado, como se estivessem trabalhando no Hospital Regional, quando na verdade prestam atendimento em outras unidades. “Existe realmente uma incoerencia. Enquanto falta medico para tirar plantao no Hospital Regional, existe uma quantidade bem significativa de medicos lotados no Hospital Regional que prestam servicos em outros setores”, comenta o diretor. Francisco Gregorio de Azevedo diz nao ter conhecimento do montante financeiro exato que o governo do Estado custeia para a parte de pessoal, equipamentos e medicamentos do Hospital Regional, mas calcula, algo em torno de 500 mil reais. “Mas na realidade, esses 500 mil nao sao investidos totalmente no hospital. Porque muitos profissionais recebem como se trabalhassem aqui, mas trabalham em outros setores”, comenta. O diretor-administrativo realca que se todos os medicos lotados pelo governo do Estado, no Hospital Regional, dessem expediente no local de origem, sobrariam medicos. “Com certeza tinha medico sobrando. A gente teria tres medicos em cada plantao, de cada setor, na urgencia e na UTI”. Segundo Francisco Gregorio, mensalmente, as prefeituras que formam o consorcio, desembolsam em torno de 30 mil reais para pagamento de plantonistas, que poderia ser economizado, se os medicos lotados no hospital dessem plantao. “A gente ainda tem uma folha de pagamento de 35 mil reais com o pessoal que e contratado pelo consorcio, que sao os 39 servidores”, narra. O consorcio de prefeituras e responsavel pela contratacao de oito medicos e trinta e nove funcionarios. O governo do Estado paga a seis medicos que tiram plantoes na UTI, dois anestesistas, tres de sobreaviso de cirurgias, dois radiologistas e um traumatologista. Enquanto isso, segundo Francisco Gregorio de Azevedo, 19 medicos lotados no Hospital Regional, exercem suas atividades no Hospital do Serido, no Hospital Milton Marinho e no CRIS (Centro Regional Integrado de Saude). Alem da contribuicao dos municipios que formam o consorcio, o Hospital Regional recebe mensalmente em torno de 70 mil reais de AIHs, geradas por atendimentos via SUS, que e repassado atraves da prefeitura de Caico. Com relacao ao atendimento denominado de media complexidade, a unidade hospitalar recebe por mes, cerca de 32 mil reais. “Mas a gente sempre trabalha com deficit financeiro”, diz o diretor. AUDITORIA APONTA EX-PREFEITO E EX-SECRETÁRIA COMO RESPONSÁVEIS POR DESCASO COM REMÉDIOS Pedido de investigação foi solicitado oficialmente hoje O Departamento de Materias e Patrimônio da Secretaria Municipal de Saúde (DMP/SMS) solicitou oficialmente uma investigação ao Ministério Público Estadual (MPE) sobre o caso dos medicamentos vencidos, encontrados no depósito municipal, remanescentes da administração anterior. Tendo como base um levantamento interno, a auditoria nº 6213 do Ministério da Saúde, realizada entre os anos de 2007 e 2008, identifica o ex-prefeito Carlos Eduardo e a ex-secretária de Saúde, Aparecida França, como os responsáveis pelo problema. O Jornal de Hoje teve acesso ao texto da auditoria nº 6213 do MS, realizada entre os dias 5 e 6 de novembro de 2007, e 26 e 30 do mesmo mês e ano. Durante este período, auditores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) coordenaram uma inspeção que resultou num documento com 10 itens pendentes de regularização. Os auditores retornaram em agosto de 2008 para averiguar o resultado, contudo, na época a SMS não havia providenciado as recomendações do órgão federal. O texto do relatório identifica o ex-prefeito Carlos Eduardo e a ex-secretária de Saúde, Aparecida França, como os responsáveis pelo problema. Na visita, o MS constatou entre os problemas, a ausência de ventilação e aeração; vazamento no teto permitindo a formação de goteiras e acesso de animais – em uma das fotos aparece um gato sobre os medicamentos -; umidade e infiltração nas paredes; telhas plásticas utilizadas para ampliar a iluminação diária, que permite também uma maior incidência de calor; estocagem de caixas ultrapassando a altura de 1,5 metros; ausência de sinalização interna e externa; e ausência de alvará de funcionamento fornecido pela Vigilância Sanitária. Além disso, no levantamento da atual gestão municipal e que foi enviado ao MPE, foi identificada ainda a inexistência de qualquer tipo de controle de estoque, lote ou validade, mostrando que o problema não é recente. Entre as observações postas, na aferição da temperatura alguns medicamentos se apresentaram entre 34ºC e 53ºC, quando a indicação ideal é seria de 20ºC. O documento do município aponta ainda para irregularidades na compra de outros materiais, como água sanitária. De acordo com os dados coletados este ano, 40% da aquisição solicitada eram emergenciais e, considerando as demandas crescentes, solicitavam 20% a mais sobre o histórico de consumo. Com isso, as unidades vinham recebendo medicamentos prestes a vencer ou materiais em excesso no fim de 2008. O exemplo relata o encaminhamento de 100 caixas de água sanitária enquanto o consumo mensal seria de 30 caixas. Além disso, foi descoberto o descarte de 7.200 kg de veneno para rato. Tal material estava estocado, também, no depósito municipal, mas devido ao prazo de validade esgotado e condições inadequadas de armazenamento, o produto estragou e o odor exalado chegou a causar reações adversas nos funcionários do local. VOLTA A FALTAR INSUMOS E MÉDICOS NOS HOSPITAIS DO ESTADO O problema do desabastecimento de insumos e da falta de recursos humanos volta a ocorrer nos principais hospitais do Rio Grande do Norte, como Walfredo Gurgel, Santa Catarina e Giselda Trigueiro. Depois de um ato público denunciando a situação, na última sexta-feira, a diretoria do Sindicato dos Servidores da Saúde do RN (Sindsaúde) está realizando hoje um levantamento nas unidades para saber quais as necessidades. Segundo a presidente do Sindsaúde, Sônia Godeiro, a situação se repete nas 23 unidades hospitalares do Estado. “Em todo canto faltam insumos, porque o fornecedor, sem pagamento, deixa de distribuir para todos”, observa. Um novo ato público, em frente ao Santa Catarina, na zona Norte de Natal, também será agendado pelo sindicato para pressionar uma solução por parte da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap). Na unidade de referência, que também é maternidade, os estoques de materiais estão baixos. Há uma semana, falta esparadrapo e os profissionais têm que fazer “gambiarras” para prestar o atendimento. “Os curativos foram feitos com fita adesiva. Além disso, os anestésicos já estão com data de validade para vencer neste mês. Já comunicamos à direção do hospital sobre isso e estamos esperando uma solução”, conta a chefe de anestesia do Santa Catarina, Gleide Tomaz. Ela denuncia ainda que os recursos humanos continuam bem abaixo do necessário, com apenas um anestesista por plantão na maioria das datas do mês da escala. “Isso ocorre também nas especialidades de obstetrícia, neonatologia, clínica médica e cirurgia. O concurso não resolveu e a tendência é do problema se agravar, porque diversos profissionais entrarão de férias em breve”, relata. No Walfredo, a deficiência de estoque, que se estende a diversos tipos de insumos, como luvas de todos os tipos, esparadrapo, polvidine (espécie de iodo), sonda nasogástrica, cateter duplo, sonda de aspiração e, até mesmo, itens elementares, como gaze, compressa e fita adesiva, voltou a ocorrer há 15 dias. No entanto, de acordo com a assessoria de imprensa do hospital, o problema é pontual e já está sendo solucionado. No Giselda, a crise do ano passado foi maior e, neste ano, há problemas na regularidade da entrega dos materiais, mas que não chegam a comprometer o atendimento. É o que garante a diretora geral do hospital referência em infectologia, Milena Martins. De acordo com a assessoria de comunicação da Sesap, o coordenador de finanças da secretaria, Walter Alves, irá explicar as razões do desabastecimento amanhã, informando ainda sobre levantamento que está sendo feito pelo departamento financeiro do órgão para saber com a Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat) – responsável pela distribuição dos insumos nos hospitais – quais são os fornecedores que estão sem receber para que a pendência seja viabilizada. DEMANDA AUMENTA E ESTRUTURA É INSUFICIENTE PARA OS PACIENTES Em conseqüência das viroses, comuns no período de inverno, os pediatras do pronto-atendimento infantil Sandra Celeste, que está funcionando provisoriamente – desde outubro de 2008 – no mesmo prédio do PA do bairro de Cidade da Esperança, se preocupam com a falta de estrutura para atender a demanda de pacientes. De acordo com a médica, Maria Ana Conceição, o número de atendimentos saltou de 67 por plantão diurno, em novembro do ano passado, para 167 no último mês de março. “As salas precisam ser maiores e a recepção necessita ter como acomodar os usuários. O aglomerado de crianças em um mesmo espaço é complicado, porque não é bom misturar casos mais graves com uma simples infecção de garganta, por exemplo”, observa a pediatra. Ela destaca que as promessas de a equipe ser removida para outro prédio, por parte da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ainda não foram colocadas em prática. A situação pode ficar ainda pior com a incidência de dengue, a qual deve se agravar com as chuvas. Em Natal, até o último dia 31, 396 casos de dengue clássica foram notificados e oito, da forma hemorrágica. Os números correspondem a uma redução de cerca de 90% em relação ao mesmo período do ano passado, mas, mesmo assim, segundo os profissionais da rede básica municipal de Saúde, a estrutura não é suficiente para prestar uma assistência de qualidade. O usuário Eberson de Lima, que levou a filha Ana Beatriz, de um ano e nove meses, ao PA Sandra Celeste, hoje pela manhã reclamou das dificuldades logísticas para a realização de alguns procedimentos, como a radiografia. “Quem precisa de raio-x tem que ir para o Sandra Celeste, em Dix Sept Rosado. Mas muitas vezes não temos dinheiro para passagem de ônibus e o carro do posto, que fica disponível, demora”, relata o servente de pedreiro. Outra mãe de paciente, a estudante Roseane Andrade Vale, diz que a demora no atendimento também é constante, porque a fila é grande. “Tem médicos, mas é muita gente para ser atendida. Não tem onde sentar e precisamos ficar aqui fora”, conta. As adequações na unidade da zona Oeste da cidade, para receber parte da equipe do Sandra Celeste, levaram cerca de três meses para ser concluída, em 2008. Mesmo assim, os funcionários dos dois serviços ainda precisam dividir alguns espaços, como refeitório, o almoxarifado, o laboratório e a farmácia. Com a alteração de local, apenas os atendimentos ambulatoriais (com hora marcada) estão disponíveis no prédio de Dix Sexpt Rosado. De acordo com a assessoria de imprensa da SMS, um novo prédio está sendo procurado para que a equipe possa ser relocada integralmente em um mesmo local. Depois que encontrarem o espaço, a vigilância sanitária precisa autorizar o funcionamento da unidade de Saúde. As reformas nesta unidade foram recomendadas pelo Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (Cremern) desde o ano passado. CORREIO DA TARDE DIREÇÃO DO HOSPITAL RUY MARIZ DEVOLVERÁ CHEQUE DOADO POR PREFEITURA O secretario de saúde de Jardim do Seridó, José Aparecido (Dudeca), confirmou que o Hospital e Maternidade Rui Mariz, através de seu diretor, advogado Anesiano Ramos de Oliveira, disse que devolveria nos próximos dias o cheque de 12 mil reais, repassados pela Prefeitura Municipal. Dudeca disse ter recebido com surpresa a decisão de Anesiano Ramos, já que o valor repassado pelo prefeito Jocimar Dantas de Araújo (PMDB) foi estabelecido pela própria Justiça, depois que a Juíza Cintia Cibele concedeu liminar favorável ao Hospital. A alegação que Anesiano teria dado ao secretário de saúde é que os 12 mil reais não seriam suficientes para manter o atendimento e pagamento dos salários dos médicos no Hospital Rui Mariz. Dudeca disse que vai entregar o cheque a Justiça, para que o assunto seja resolvido, já que o prefeito cumpriu, na opinião dele, o que mandou a juíza da cidade. SERVIDORES DA SAÚDE RECEBERÃO CURSO DE CAPACITAÇÃO EM DENGUE Nos próximos dias 14 e 15, a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) realizará um curso de Capacitação em Dengue para gestores públicos vinculados à IV Unidade Regional de Saúde Pública (Ursap). O curso será realizado na própria Unidade, localizada na cidade de Caicó. Durante a capacitação, será apresentado o Programa Estadual de Controle de Dengue e os dados epidemiológicos do Brasil e do Rio Grande do Norte, bem como discutidos o Sistema de Informação; o plano de contingência; os determinantes e estratégias de enfrentamento da doença; o teto financeiro e a importância da mobilização social. Uma outra capacitação acontecerá na II Ursap no mês maio. Essa ação será realizada em todas as Unidades Regionais até que os gestores de todos os 167 municípios do Estado tenham sido capacitados para o enfrentamento da doença. Assessoria de Comunicação do Cremern Telefone: 4006-5357 Contatos: Casciano Vidal: 9990-1473 Ana Carmem: 9911-6570
Clipping Cremern – 13/04/2009: Notícias da área médica nos principais jornais do RN
13/04/2009 | 03:00