TRIBUNA DO NORTE “UM TERÇO DAS VÍTIMA SERÁ DE JOVENS” A Gripe A (H1N1) continua a tenção, e a preocupação, de toda a sociedade. Considerada, inicialmente, como pouco letal, a “gripe suína”, como também é conhecida, atingiu níveis preocupantes de mortalidade, em cidades como São Paulo e o Rio Grande do Sul. Para o médico infectologista Kleber Luz, o maior índice de mortalidade será entre jovens. “Um terço das vítimas serão jovens”, acredita Kleber. O infectologista conversou com a reportagem da TRIBUNA DO NORTE e criticou as orientações do Ministério da Saúde sobre a administração do antiviral tamiflu. Para Kleber, realizar o tratamento em todos os gripados diminuiria o número de mortes. Ele ainda falou sobre as especificidades da gripe, o sistema de saúde do RN e a descentralização do atendimento. Como o senhor avalia o atual estágio da Gripe A? No início, falava-se que seria uma doença leve, mas a pandemia tem as mesmas características? A pandemia tem se comportado de forma diferente da doença sazonal. A gripe sazonal é uma coisa e a pandemia é outra coisa. Então, na pandemia se espera que um terço das mortes aconteçam em jovens. Então os médicos vão atender muito mais gente jovem doente do que velhos. E por quê? Porque alguns outros vírus suínos já circularam no mundo, é possível que pessoas de 65 a 70 anos já tenham entrado em contato com esse vírus e tenham uma imunidade. Então, as pessoas mais velhas não estão adoecendo tanto quanto as mais jovens. Esse é um dado. A maioria das pessoas que estão adoecendo são jovens e, além disso, em uma pandemia um terço das mortes são de jovens. O vírus circula no Rio Grande do Norte? Não existe uma forte evidência de que o vírus circula no Estado. Ele ainda não está circulando embora ainda possa vir a circular, é claro. Todos os casos isolados de Gripe A eram de pessoas que tinham entrado em contato com pessoas de fora. Mas é sempre uma possibilidade de que tenhamos casos transmitidos entre pessoas daqui. O senhor acredita que a população está bem informada sobre o assunto? Um aspecto importante é a caracterização da doença. Normalmente, o que os nordestinos e potiguares chamam de gripe é aquele caso clínico com muita coriza, tosse e espirro. Não é assim. A gripe começa com muita dor de cabeça, mialgia, dor articular e febrão. Então uma pessoa normal não vai ter uma gripe com 37,5 C de febre, ela vai ter com 39 C. Vinte quatro horas após é que surgem os sinais respiratórios, o espirro e a coriza, e a medida que esses sintomas surgem, a febre arrefece. Isso pode mascarar os sintomas da Gripe A? Isso pode fazer com que quem esteja gripado não procure o médico e quem não esteja gripado vá até o hospital. Porque quem está gripado acha que está com dengue, porque é muita febre e dor no corpo. A tosse, a coriza e o espirro pode aparecer no primeiro dia, mas a regra é que apareça surja no dia seguinte. Então o que pode acontecer é o paciente estar gripado, mas achar que não está e ficar em casa. E outro estar com um resfriado comum, achar que estou gripado e ir ao médico. Invertem-se os papéis. O resfriado comum se caracteriza porque os sintomas respiratórios, como a tosse, a rouquidão e a coriza, começam todos juntos e o indivíduo pode ter febre de 37 C. Mas o resfriado comum é uma doença absolutamente benigna. Ninguém vai morrer disso. Você pode ter um parainfluenza, que é um vírus que provoca rouquidão muito grande. Isso não é gripe. Um outro vírus é o adenovírus, cuja característica é tosse, febre e o nariz como se estivesse em carne viva, doendo. Todo mundo já teve isso. Já a gripe é uma doença mais grave. E o índice de mortalidade da Gripe A? Ainda pode ser considerado baixo? A taxa de mortalidade varia. Em algumas regiões ela é tão baixa quanto 0,3%, ou seja de cada 300 pessoas, uma morre, e em outras tão alta quanto 2%, que significa que de cada 300 pessoas morreriam seis. O que é muito alto porque a gripe tem duas variáveis, a letalidade e a taxa de ataque – quantas pessoas vão pegar e quantas vão morrer. Então como ela é muito contagiosa, muita gente vai adoecer e muita gente vai morrer, caso a letalidade seja alta. O que é importante as pessoas compreenderem é que se eu estou com muita febre e problemas respiratórios, eu faço a consulta e fico de quarentena. Não vou trabalhar, não vou para a escola, vou beber muito líquido, de repouso. Uma preocupação especial tem sido as grávidas. Mas ela vai ter que levar uma vida normal, trabalhar… não tem como ficar em casa nove meses. Algumas empresas estão dando licença médica para as grávidas. O senhor acha uma medida interessante? Não acho uma medida salutar. Porque não há como você isolar ela do mundo. A doença é absolutamente contagiosa e vai chegar na casa das pessoas. Então, não há porque deixar de trabalhar. Da forma como vai, todas as pessoas vão adoecer. E adiar início de aulas? É absolutamente inadequado. Só se adia os problemas… Por que há taxas de mortalidade diferentes? Isso acontece porque esse vírus é absolutamente novo. Ninguém tem defesas contra ele, exceto os idosos. Ele vai atacar todas as pessoas e cada um vai reagir de forma diferente, uns de forma mais branda e outros podem vir a morrer. A Secretaria Estadual de Saúde vai descentralizar o atendimento médico da Gripe A, ao invés de haver apenas o Giselda Trigueiro, alguns prontos-atendimentos irão ajudar. O que o senhor acha disso? Essa medida deveria ter sido tomada há mais tempo. O Sistema Único de Saúde é descentralizado, essa é a regra do SUS. Para salvar a vida de pessoas durante uma pandemia é preciso ter várias pessoas trabalhando. Não pode ser só em um lugar. O Giselda Trigueiro está superlotado? Tem havido um aumento significativo do número de pessoas atendidas, embora o número de pessoas efetivamente com gripe seja reduzido. Isso acontece por conta da falta de informação das pessoas? Elas estão vindo até o Giselda desinformadas e com medo? Também há uma influência disso, mas a gente sente que falta ainda uma capacitação das equipes de saúde no sentido de identificar a doença. Temos a informação de que o município de Natal tem 50% do seus profissionais capacitados e no Estado a proporção é parecida. O senhor considera isso preocupante? É um dado preocupante. Porque como a doença é nova, as pessoas não conhecem. E os profissionais terminam tendo as informações a partir da imprensa, o que é uma coisa ruim. Toda a população podem se informar assistindo ou lendo o jornal, mas as equipes de saúde devem ter uma formação especial. A formação técnica deve acontecer nos foros adequados, nas universidades e centros de treinamento. A prescrição do tamiflu, que é o antiviral utilizado no combate, foi modificada ou ainda é indicada apenas para os casos graves? Existem orientações do Ministério da Saúde que não necessariamente são orientações da Sociedade Brasileira de Infectologia. No nosso entendimento, se o indivíduo efetivamente tem gripe, é preciso colher o material para fechar o diagnóstico e iniciar nas primeiras 48h o tratamento com tamiflu. Isso vai evitar que os pacientes do ambulatório sejam internados, que os internados tenham complicações e até a morte de pacientes. Então o tratamento deve ser feito para todas as pessoas. O Ministério da Saúde diz que apenas os casos graves devem receber o tamiflu. Essa é a diferença? Exato. Mas como eu vou tratar as pessoas graves em dois dias, que o prazo de efetividade do medicamento, se o agravamento só acontece a partir do terceiro dia? É uma coisa sem sentido. Eu tenho que tratar até dois dias, mas eu só posso tratar depois de ficar grave? É por isso que está morrendo tanta gente. O senhor acredita que é falta de medicamento? Não teria como afirmar. Sei que é uma medida inadequada, que não resiste a um questionamento. Mas não sei porque foi tomada. E quanto aos riscos que os profissionais de saúde correm ao entrar em contato com pessoas infectadas? O Governo de São Paulo está administrando prioritariamente em pessoas que convivem com infectados. O que o senhor acha disso? O profissional de saúde tem a obrigação de conhecer a maneira correta de abordar essas pessoas, sem contágio. Ele precisa saber se proteger. O senhor acha isso desnecessário? Com certeza. Não é para profissional de saúde estar se contaminando. Há equipamentos disponíveis para isso. Em relação a rede de saúde do Estado para uma possível disseminação do vírus, como o senhor avalia o sistema de saúde do RN? Eu acho que a rede básica só pode fazer o primeiro atendimento, porque não conta com estrutura para atender pessoas graves. Parece que até agora não houve problema para internar pessoas em unidades de terapia intensiva. O número de leito tem sido suficientes, mas também não houveram muitos casos graves. Também se houver uma grande explosão de casos não há sistema de saúde que aguente. Mas a rede básica precisa estar com força total durante uma epidemia. É inevitável a circulação do vírus? Praticamente sim. Mas se essa circulação vai ser explosiva não dá para saber ainda. A expectativa é que haja um número significativo de casos. Dá para ter alguma ideia sobre como será a letalidade da doença aqui? A mortalidade vai ser elevada, na minha opinião. Porque vem explodindo a epidemia, as pessoas não têm imunidade e possivelmente de 1% a 1,5% dos infectados morrerão. Como o senhor avalia a mortalidade da doença quando chegar às camadas menos favorecidas, com menos informação e menos acesso a serviços de saúde? Quando a gente associa doenças infecciosas e pobreza, a mistura é sempre maligna. Essa parcela da população deve ter os piores dados. ARGENTINA TEM 6.768 CASOS DE GRIPE SUÍNA E 404 MORTES O Ministério da Saúde da Argentina informou que chegam a 404 as mortes provocadas pela influenza A (H1N1) – gripe suína no país. O número é inferior apenas ao total de óbitos em decorrência da doença registrado nos Estados Unidos (436). Ao todo, 6.768 casos foram confirmados na Argentina, além de quase 10 mil considerados suspeitos. De acordo com o ministério, 5.999 pacientes evoluíram para um quadro de síndrome respiratória aguda grave, que requer hospitalização. O grupo mais afetado são os adultos com idade entre 50 e 59 anos. A circulação do vírus, segundo o governo argentino, apresenta aumento desde maio deste ano. No final de julho (entre os dias 22 e 25), a gripe chegou a representar 95,5% dos casos de infecções respiratórias provocadas por vírus em pessoas com mais de 5 anos. O ministério se refere ao período como pico de transmissão generalizada da doença. DIÁRIO DE NATAL PLANO É OBRIGADO A REALIZAR CIRURGIA Plano de Saúde Hapvida – Assistência Médica Ltda foi condenado a autorizar, de forma imediata, a realização de uma angioplastia com material cirúrgico em favor do usuário J.F.N.N., a ser realizado na Casa de Saúde São Lucas, em data a ser designada pelo médico responsável. Foi o que determinou, em caráter liminar, o juiz de direito Rivaldo Pereira Neto, da 5ª Vara Cível de Natal. Ele estendeu a decisão a todos os procedimentos e despesas necessárias ao tratamento cirúrgico indicado. Em caso de negativa, determinou desde já que o procedimento indicado deva ser realizado às expensas da Caern, pois, J.F.N.N. é funcionário da empresa, a qual tem contrato firmado com a Hapvida para prestar o serviço de plano de saúde. TAMIFLU LÍQUIDO Laboratório do Rio de Janeiro produz variedade do remédio contra a gripe suína para ser usada por crianças Rio de Janeiro – O Instituto Vital Brazil, laboratório público estadual do Rio de Janeiro, começou a produzir uma versão infantil do osetalmivir (Tamiflu), remédio usado para tratar a influenza A (H1N1) – a gripe suína. A nova versão do medicamento é líquida, diferente da versão original, em cápsula.O Instituto Vital Brazil informou que os 400 primeiros frascos serão entregues hoje para a Secretaria Estadual de Saúde, que ficará responsável pela distribuição do medicamento. O Vital Brazil poderá produzir até 14 mil frascos do remédio, e cada paciente é tratado com um frasco.Para produzir o osetalmivir líquido, o Instituto Vital Brazil está usando uma carga de pó de fosfato de osetalmivir, enviada pelo Ministério da Saúde, na semana passada. Segundo o laboratório, a nova versão do remédio foi criada por causa das dificuldades das crianças em ingerir as cápsulas do Tamiflu. Inverno Para o epidemiologista do Hospital Univeristário de Brasília (HUB), Evoide de Moura, o fim do inverno no Brasil representa “todaa esperança” em meio à pandemia de influenza A (H1N1) – gripe suína. “Estamos finalmente passando do pico, do pior período”, disse ele. Com o frio, segundo ele, as pessoas tendem a se aglomerar sobretudo em ambientes fechados, o que favorece na transmissão do vírus. A baixa umidade, de acordo com o médico, também leva ao agravamento das condições respiratórias e às infecções. O meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) confirmou que a tendência, para os próximos meses, é de temperaturas mais elevadas, além do início das chuvas. Mas o mês de setembro, segundo ele, ainda será uma “uma incógnita” – pode ter dias de pancada de chuva como dias bastantes secos, com a umidades do ar oscilando. “São extremos”, disse. Chuva certa, de acordo com o meteorologista, apenas em dezembro e janeiro. Ele lembrou que a baixa umidade do ar causa desconforto à saúde, pois o ar rarefeito dificulta a respiração. Por isso, a recomendação da própria Defesa Civil é que as pessoas bebam muito líquido e evitem o sol durante as horas mais quentes do dia. Planos de saúde // NOVAS REGRAS SÓ EM OUTRUBRO Brasília – A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) adiou por dois meses a entrada em vigor das novas regras de contratação de planos de saúde. Elas começariam a ser adotadas no sábado, mas foram prorrogadas para o dia 15 de outubro, por causa de alterações no texto da Resolução 195 da ANS, de 15 de julho deste ano, que institui as mudanças. As novas regras trazem mudanças principalmente na contratação de planos coletivos de saúde, que, a partir de 15 de outubro, só poderão ser contratados por empresas, entidades ou associações legitimamente reconhecidas. Com isso, não será mais possível que pessoas criem associações sem qualquer validade jurídica, para contratar planos de saúde. Pela novas regras, os planos de saúde coletivos e empresariais só poderão ter reajuste de preço a cada 12 meses. Além disso, a responsabilidade pelo pagamento dos serviços prestados pelo plano coletivo recairá sobre a empresa ou associação contratante que repassará os custos para o usuário, quando for o caso. Esse ônus pela responsabilidade no pagamento só não se aplica nos casos de operadoras de autogestão ou da administração pública. Também não se aplica a essas empresas nos casos em que o beneficiário não pertence mais ao seu quadro de funcionário, ou seja, que tenha se aposentado ou demitido sem justa causa, e que podem continuar no plano mesmo fora da empresa. Os planos que não se adequarem às novas regras não poderão ter novos beneficiários. GAZETA DO OESTE CAMPANHA DE VACINAÇÃO CONTRA A PARALISIA INFANTIL É ADIADA PARA O DIA 19 DE SETEMBRO Devido à gripe suína, a 2ª etapa da Campanha Nacional de Vacinação Contra a Poliomielite foi adiada de 22 de agosto para o dia 19 de setembro. A mudança foi feita para evitar uma sobrecarga nas unidades de saúde que tratam de pacientes com suspeita da Influenza A (H1N1) em alguns Estados. O Ministério da Saúde afirma que o adiamento não vai prejudicar a campanha, muito menos comprometer a saúde das crianças que foram vacinadas na 1ª etapa em junho. De acordo com o diretor da Vigilância e Saúde do município, Sodré Rocha, a greve dos agentes de endemias não afetará a campanha, “até lá a situação estará resolvida”. No Rio Grande do Norte, a campanha é realizada pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP) através da II Regional de Saúde Pública (II URSAP) juntamente com as Secretarias Municipais de Saúde. “O objetivo da campanha é manter a erradicação da poliomielite e estabelecer proteção coletiva contra a disseminação do vírus vacinal no meio ambiente. Todas as crianças que tenham menos de cinco anos deverão ser vacinadas com a vacina oral contra a poliomielite independente de tê-la recebido anteriormente”, disse Maria da Paz Medeiros, coordenadora do Programa Regional de Imunizações. Com o lema “Não dá pra vacilar. Tem que vacinar”, a campanha espera vacinar 95% das 18.863 crianças de Mossoró que estão nessa faixa etária. “Na 1ª etapa, em junho, vacinamos mais de 17 mil crianças, atingindo a meta de mais de 96%”, informa a coordenadora de Vigilância à Saúde do município, Norma Sena. Mesmo que já tenha tomado a vacina na 1ª etapa, as crianças devem ser levadas pelos pais e responsáveis para serem imunizadas contra a doença nos 32 postos de vacinação em Mossoró e zonas rurais. Cerca de 250 profissionais estarão envolvidos na ação. “Além da vacinação contra a polio, a gente também espera fazer a vacinação contra a Hepatite B. Mossoró tem um déficit de pessoas abaixo de 20 anos não-vacinadas. Tentaremos suprir esse débito”, explicou Norma Sena. A vacina se dá com duas gotinhas através de via oral. É altamente segura e praticamente não tem efeitos colaterais. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil não há circulação do vírus da poliomielite em seu território. Mas é necessário a precaução devido ao país estar em contato com fluxo de pessoas vindas de países que ocorrem a transmissão da doença. A DOENÇA — A poliomielite é causada pelo poliovírus. Os sintomas comuns são febre, mal-estar, dor de cabeça e pode até causar paralisia em crianças. HOSPITAIS SE EQUIPAM PARA ATENDER PACIENTES As gestantes e crianças merecem atenção especial se apresentarem sintomas suspeitos da gripe influenza A, H1N1. A recomendação é do Ministério da Saúde. Os hospitais de Mossoró se preparam para receber esses pacientes. Segundo a enfermeira Ivone Maria de Souza, da Clínica Pediátrica Uniped, no local ainda não foi tratado nenhum paciente com a doença, apesar de alguns dias atrás um menino ter apresentado os sintomas. “Foi feito um teste rápido nele, que detectou a gripe do tipo A, mas que não era a h1n1, e ele se recuperou antes das 48 horas, que é o tempo para aplicar o antiviral”, explicou a enfermeira. O diretor do setor de Vigilância e Saúde, Sodré Rocha, informou que até ontem não havia nenhum caso confirmado da doença em Mossoró e os casos suspeitos foram descartados. A enfermeira Ivone Maria explica ainda que na clínica pode ser feito apenas o teste rápido, que se der positivo para a doença, a criança é encaminhada para o Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), único local onde é feito o diagnóstico completo da doença em Mossoró. Segundo a enfermeira, a equipe está sempre se atualizando sobre a doença, já que a cada dia surgem casos diferentes no país e diferentes tratamentos. “Sempre quando acontece algum treinamento na cidade, nós participamos, e estamos sempre acompanhando os casos pela mídia”, disse. Ela falou ainda que pelo fato de que a doença estar em evidência, alguns pais já chegam dando o diagnóstico dos filhos. “Sempre quando uma criança chega aqui com tosse, a mãe ou pai já vem achando que é a nova gripe, querendo passar na frente das outras que estão à espera. Mas caso a criança apresente realmente os sintomas, colocamos, de imediato, a máscara nela”, afirmou Ivone Maria. CRESCE INTERESSE POR PROCEDIMENTO DE CIRURGIA PLÁSTICA A busca por um corpo ou rosto perfeito tem aumentado significativamente. São homens, mulheres, jovens e adultos que recorrem aos procedimentos cirúrgicos para se sentirem bem esteticamente. Na corrida para alcançar as formas físicas perfeitas, são dispensadas horas “intermináveis” de exercícios de musculação e outros procedimentos que têm como finalidade a beleza. Alguns preferem o método rápido e definitivo feito através do bisturi. “Na sociedade moderna é cada vez mais acentuada a imposição sobre as pessoas de buscarem estar bonitas para se destacarem nos ambientes de trabalho, nas escolas e para serem bem-sucedidas nos relacionamentos. Afinal, existe uma supervalorização do que é belo e isso já está arraigado na mentalidade das pessoas, que passam a depositar a felicidade e o sentimento de auto-estima no aspecto físico. Entre os motivos que levam à procura dos jovens pela cirurgia plástica está a valorização excessiva da estética, com a ilusão de que o jovem tem de se enquadrar aos padrões estéticos predominantes na sociedade”, explica a psicóloga Andréa Moreira. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, entre setembro de 2007 e agosto de 2008, foram realizadas aproximadamente 629 mil plásticas estéticas em todo o país, todas por profissionais especializados. E as plásticas em jovens com idades entre 14 e 18 anos representam, pelo menos, 13% desse total. Entre os procedimentos mais procurados, segundo a pesquisa, estão: rinoplastia (plástica no nariz), mamoplastia redutora (diminuição das mamas), mamoplastia de aumento (prótese de silicone), lipoaspiração, otoplastia (correção de orelhas de abano) e a ginecomastia (correção do volume das mamas masculinas). Embora jovem e tendo a reprovação da família, a estudante universitária Gracielly Oliveira desafiou a todos em busca da realização de seu grande desejo: submeter-se a uma rinoplastia. Depois da intervenção cirúrgica no nariz, Gracielly sente-se mais realizada e com a auto-estima elevada. Apesar dos riscos que uma cirurgia, por mais simples que seja, possa acarretar ao paciente, ela admite que não se arrepende e não descarta a possibilidade de recorrer ao bisturi novamente. “Era meio que um trauma meu desde a infância, eu não gostava do meu nariz e não me sentia realizada. Minha família era contrária à minha decisão de fazer cirurgia plástica porque achava desnecessário, mas eu não tive medo e faria mais vezes. Inclusive eu tenho vontade de fazer outras cirurgias plásticas no peito e barriga, mas agora só depois que eu casar e tiver filhos. A cirurgia é um processo rápido e fácil, eu só tive de passar sete dias repousando e foram 2h30 de duração da cirurgia. O resultado foi muito satisfatório”, declara. Por falar em casório, Gracielly teve de abrir mão dos recursos que seriam destinados ao seu casamento em nome da vaidade. “O dinheiro que seria aplicado no meu casamento teve outro destino que foi a minha cirurgia”, diz. A universitária recomenda aos adeptos da cirurgia plástica que procurem previamente conhecer o médico responsável pelo procedimento cirúrgico. “Eu procurei me informar sobre o histórico do médico, liguei para os pacientes deles e procurei obter informações sobre o trabalho dele”, afirma Gracielly, destacando que os custos totais da cirurgia foram em torno de R$ 6 mil, incluindo o procedimento cirúrgico e uma série de exames. O MOSSOROENSE PROJETO DE SAÚDE E PREVENÇÃO ÀS DSTS CHEGA ÀS ESCOLAS ESTADUAIS DE MOSSORÓ A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap), através do Programa DST/Aids, desenvolve o projeto “Saúde e Prevenção nas Escolas” com o grupo gestor estadual. A iniciativa é uma parceria com os Ministérios da Saúde (MS) e da Educação (MEC). O objetivo das ações é de incentivar a discussão e romper as barreiras da resistência sobre a educação sexual e reprodutiva aos jovens do RN. O Plano de Ações e Metas (PAM) contemplou dez escolas do Estado para colocar em prática o projeto-piloto, sendo cinco na capital e cinco em Mossoró. No município, no período de 25 a 27 de agosto, o Programa Estadual DST/Aids juntamente com o Grupo Gestor Saúde e Prevenção nas Escolas estará em implementando o projeto-piloto. A atividade mobilizará mais de cinco mil alunos das cinco escolas estaduais selecionadas. Os profissionais de saúde e educação vão a cada escola realizam palestras de sensibilização quanto à importância do uso de preservativos tanto para evitar as doenças sexualmente transmissíveis, quanto à gravidez indesejada. Além de palestras, os profissionais incentivam a realização do teste rápido do HIV. O projeto ainda prevê a implantação de um banco de disponibilização de preservativos em cada uma dessas escolas. “Precisamos que haja comprometimento na parceria entre saúde e educação municipal e estadual para prevenir as DSTs entre os jovens”, explicou a técnica do Programa Estadual DST/Aids, Conceição Ramalho. De acordo com dados do MS, o maior número de casos das DSTs está entre jovens de 20 a 34 anos de idade. Segundo Conceição Ramalho, até o momento nenhum caso atendido pelo Programa foi notificado como positivo. Mesmo assim, com a ação “o Estado quer prevenir os jovens contra as DSTs, inclusive contra o vírus da Aids”, afirma. SABONETE PODE CAUSAR REAÇÕES ALÉRGICAS E IRRITAÇÃO DA PELE A escolha dos produtos que vamos utilizar na nossa pele é tão importante quanto escolher uma alimentação que faça bem para nosso organismo. Muitas vezes não damos importância a um produto indispensável de uso diário, o sabonete. Escolhido muitas vezes pelo aroma, existe um sabonete ideal para cada tipo de pele, o que pode ajudar a evitar problemas como alergia. Segundo o dermatologista Lúcio Leopoldino, apesar de parecerem simples, os sabonetes não são todos iguais. Existem, por exemplo, os glicerinados, que possuem o PH mais neutro e são mais transparentes; os de tratamento, como os hidratantes, que devolvem a umidade. As ofertas são inúmeras, com ervas, para peles sensíveis, oleosas, com flores e frutas e até vinho. Mas, escolher o sabonete certo pode ser uma forma econômica de manter a pele saudável. “As pessoas têm que saber que o sabonete que nós usamos no rosto tem que ser diferente do que utilizamos para o resto do corpo, principalmente porque a pele da face é mais oleosa”, explica o especialista. Segundo ele, os sabonetes em barra, do tipo mais cremoso, surpreendentemente hidratam menos e são mais irritantes. “É o caso também dos sabonetes bactericidas, pois possuem enxofre e outros componentes que produzem mais irritação na pele”, garante o dermatologista. Mas, o especialista revela também que muitas vezes o uso excessivo de sabonete também pode provocar irritações e alergias. “O uso excessivo, por exemplo, para lavar as mãos várias vezes por dia ou tomar mais de seis banhos por dia também pode provocar essas irritações”, garante o médico. Para evitar isso, ele recomenda o uso dos sabonetes líquidos que também possuem glicerina em sua composição. Ele explica que as irritações por frequência do uso de sabonetes acontecem porque esse excesso retira o manto lipídico da pele, ou seja, a gordura que protege nossa epiderme de fatores externos. “Isso vale principalmente para crianças, que não possuem ainda glândulas sebáceas”, afirma Lúcio. A dica é usar o sabonete nas partes mais oleosas do corpo: no rosto, é bom dar preferência à testa, nariz e queixo; o uso também é indicado para costas e peito. E para as áreas onde mais transpiramos, axilas, genitais e nos pés. JORNAL DE FATO CASOS AINDA ESTÃO SOB CONTROLE NO RN Apesar do medo e da desconfiança em relação às formas de transmissão e tratamento, o Rio Grande do Norte pode ser considerado um dos Estados que menos tem sofrido com a epidemia do vírus H1NI (gripe suína), se comparado com outras regiões do Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, já foram confirmados 11.927 casos e 276 mortes pela nova gripe (números até o fechamento desta edição). O Sul e Centro-Sul do país aparecem nas primeiras colocações da lista de regiões com número de pessoas contaminadas. No RN, até esta ultima sexta-feira, 14, foram registrados 25 casos com nenhuma morte confirmada pela Secretaria Estadual da Saúde (SESAP). A secretaria descartou outros oito casos suspeitos após resultados dos exames sanguíneos enviados há duas semanas para Belém (PA). Mas, que fatores contribuem para esse número “positivo” do Estado e mais particularmente de Mossoró? A resposta pode estar no “sol forte” desta região. Conforme o infectologista Alfredo Passalaqua, a resistência do vírus em superfícies de cidades mais quentes sofre diminuição. “No Sul, o vírus fica contaminando em superfícies cerca de quatro horas, e em Mossoró, por exemplo, a estimativa é de que ele tenha um tempo mais curto de sobrevida, de aproximadamente 50 minutos a uma hora. Bem diferente do que ocorre em regiões com temperaturas mais amenas e baixas como o Sul”, explicou. Até quando pode-se ter um saldo animador sobre a nova gripe no RN ou em Mossoró? O infectologista informou que a expectativa é de que o vírus em Mossoró passe de forma branda, como em Natal, menos agressiva do que vem ocorrendo em algumas regiões do país. O alerta deve continuar e a Vigilância Sanitária deve estar preparada para um possível aumento do número de casos. A prevenção da doença se dá através da higiene pessoal, lavando sempre as mãos após a tosse e o contato com outros objetos, além de evitar a aproximação com pessoas suspeitas da Influenza e procurar a assistência médica assim que apresentar os sintomas. MENOS LEITO E MAIS ATUAÇÃO DA FAMÍLIA Recentemente, o poeta Ferreira Gullar trouxe à tona a discussão em torno do modelo de política adotado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar de pacientes acometidos por transtornos mentais. O assunto ganhou mais força com a personificação de Tarso, personagem interpretado por Bruno Gagliasso, na novela Caminho das Índias (Rede Globo), como um esquizofrênico. Antes mesmo das atuais discussões, o casal de professores Luiz Carlos/Francinete Martins já era veterano na convivência com doentes mentais. Isso porque em 1987 vinha ao mundo o primeiro filho do casal. A felicidade, como não poderia ser diferente, tomou de conta do lar dos recém-casados. No entanto, à medida que o tempo ia passando, Matheus de Melo Martins, filho dos professores, não apresentava um comportamento condizente com a sua idade, tampouco se comparado com os colegas. “Ele demorou a falar; era excessivamente imperativo; sempre nos conduzia para pegar os objetos que ele queria”, descreve a mãe. O retardamento no amadurecimento de Matheus foi o suficiente para despertar nos parentes o questionamento quanto à saúde mental do garoto. O diagnóstico veio aos cinco anos, quando o especialista apontou Matheus como portador de autismo infantil. “Depois que recebemos a notícia, e de forma muito indelicada, começou o nosso sofrimento. Tudo era novo e tivemos que aprender a lidar com toda a situação”, relembra a mãe de Matheus. É difícil resumir e descrever toda a rotina e percurso traçado pela família a partir do dia do diagnóstico. Uma vida marcada por consultas, muitas delas realizadas fora do Estado; um reaprendizado na forma de convivência dentro de casa – moldada pela paciência e atenção, como enfatiza a mãe; a necessidade de engolir o choro ante o preconceito na hora de matricular na escola, nos espaços públicos e até mesmo a diplomacia para explicar aos que se assustam com algumas estereotipias do transtorno. Hoje, Matheus tem 22 anos e, durante esse tempo, apresentou apenas duas crises: a primeira foi movida pelo ciúme, aos seis anos, quando seu irmão Moisés de Melo Martins nasceu; a segunda aflorou na adolescência, aos 17 anos. A família explica que o problema de Matheus está moderado, uma vez que ele não fica sem a medicação e tem uma rotina normal. “Se acontecer de não tomar o remédio ele chega a ficar violento”, diz o pai, comentando que em Mossoró a medicação há quase um mês está em falta pelo programa de saúde mental do Governo Federal. INTERNAÇÃO A resposta é contundente quando questionados se por alguma vez internaram o garoto. “Não. Matheus foi uma dádiva de Deus. Com ele nós nos aproximamos mais, nos motivamos a viver para dar toda atenção a ele”, diz a mãe, que tem o pensamento concluído pelo pai, ao afirmar que “quando nos orientaram a interná-lo, não aceitei porque tinha medo que judiassem dele, e ainda mais porque ele ia ficar longe dos nossos cuidados e atenção”. ANS VER PROBLEMAS NOS PLANOS DE SAÚDE Os dois principais planos de saúde com atuação em Mossoró apresentam problemas em seu funcionamento. Foi o que atestou o Programa de Qualificação das Operadoras de Planos de Saúde referentes ao ano de 2008, cujos resultados foram divulgados durante a semana pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS) da Unimed ficou na segunda faixa, ou seja, o segundo pior. A Unimed foi reprovada em dois itens avaliados: atenção à saúde e econômico-financeiro. Na atenção à saúde, a Unimed ficou na faixa dois (segunda pior) do Índice de Desempenho (ID). Enquanto que na demissão econômico-financeiro o resultado foi ainda pior. A faixa de ID foi a primeira (a pior de todas). A atenção à saúde é a avaliação da qualidade da assistência à saúde prestada aos beneficiários de planos privados de saúde, ou seja, um dos itens mais importantes do programa. Já a dimensão Econômico-Financeira identifica a situação econômico-financeira da operadora frente à manutenção dos contratos assumidos em acordo com a legislação vigente. A Unimed foi aprovada nos itens Estrutura e Operação, e satisfação dos beneficiários, ficando na faixa quatro (a segunda melhor) em ambos os casos. De acordo com a ANS, a Unimed atende a 22.928 beneficiários em Mossoró. Já Hapvida teve o IDSS positivo, na quarta faixa, mas também não deixou de apresentar problema. No item satisfação dos beneficiários, que identifica a visão do usuário no cumprimento ao estabelecido no contrato com a operadora, a operadora ficou na faixa dois. A Hapvida teve ID quatro nas dimensões atenção à saúde e estrutura e operação. Além de ID três na dimensão econômico-financeira. A ANS não tem informações específicas de quantos beneficiários a Hapvida possui em Mossoró. Informou apenas que a operadora, com sede em Fortaleza, possui 45.162 beneficiários no total. A ANS, através da assessoria de imprensa, informou que as operadoras que apresentaram IDs nas faixas menores serão objeto de monitoramento, podendo inclusive ser as que serão priorizadas para uma fiscalização programada. A ANS explicou que a faixa 1 representa o desempenho mais deficiente, enquanto que a faixa 5 representa o desempenho com menos problemas, isto é mais próximo do esperado pela Agência, no momento da avaliação. A ANS observou que a avaliação não é feita para fazer um “ranking”, mas ao apontar as falhas, abre a possibilidade para que as operadoras as superem, ganhando, assim, graus de qualidade naquilo que fazem, que num objetivo nobre se traduziria em oferecer os melhores serviços que de fato contribuam para a saúde daqueles cobertos pelos planos de saúde. O diretor-presidente da ANS, Fausto Pereira dos Santos destacou a importância do Programa de Qualificação. “Ao escolher uma operadora de planos de saúde, o beneficiário pode avaliar e até comparar os desempenhos e, com isso, escolher a empresa de maior qualidade. Neste ano, além do desempenho geral, o beneficiário poderá saber como anda a qualidade das operadoras em termos assistenciais, econômico-financeiros, operacionais e de satisfação dos beneficiários. Esta é uma poderosa ferramenta de apoio à decisão do beneficiário”, afirmou. Reclamações contra os planos são inúmeras Os serviços prestados pelas operadoras de plano de saúde em Mossoró não é dos melhores. Encontrar usuários com algum problema para relatar é muito fácil. A representante comercial Antônia Oliveira, por exemplo, procurou um médico para ser consultada, mas teve que esperar mais de um mês para ser atendida. Motivo: ela é usuária da operadora Unimed. “A atendente do médico disse que para a Unimed só tinha vaga um mês depois”, relatou Antônia. Ela reclamou que paga um preço alto pelo plano, mas quando procura os serviços não é atendida. “É mais fácil conseguir uma vaga pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”, afirmou. O empilhador Antônio Kléber de Medeiros também enfrenta dificuldades com frequência para acessar o seu plano de saúde da Hapvida. Ele contou que precisou ir ao dentista, mas só conseguiu vaga para quase dois meses depois. “O jeito foi ir a um dentista particular”, disse, reclamando. Kléber também não conseguiu atenção especial ao procurar um pediatra para o seu filho. “Quando chegamos ao consultório, somos tratados como se não tivéssemos plano de saúde”, ressaltou. Hapvida diz que item negativo não é técnico A Hapvida, através da assessoria de imprensa, informou que o índice do item Satisfação dos Beneficiários não pode interferir no resultado final da operadora, pois não se trata de um índice técnico. “A Hapvida está acima da média nacional no índice geral”, ressaltou a assessoria. A assessoria informou ainda que a Hapvida investe constantemente em serviços de atendimentos aos clientes, destacando-se os vários canais de atendimento. Citou ainda que a ANS determina que um beneficiário pode esperar até 1h30 na recepção, “mas na Hapvida o beneficiário não passa mais que meia hora”. A reportagem manteve contato com a assessoria de imprensa da Unimed Mossoró para que a diretoria da operadora comentasse os resultados apresentados pela ANS. A assessoria ficou de ouvir a diretoria da operadora para, em seguida, enviar resposta. Porém, até o fechamento desta edição, a resposta não chegou. VÍRUS FICA MAIS FORTE COM TRANSFORMAÇÃO – 09 horas: Combinação de quatro comprimidos + uma vitamina C + um ômega 3; – 15 horas: um medicamento para profilaxia de pneumonia e tuberculose + um antifúngico, uma vez por semana; – 16 horas: um antidepressivo; – 21 horas: repete a combinação com quatro comprimidos. Total: treze medicamentos por dia. Essa é a rotina do educador social Ricardo*, infectado pelo vírus HIV. Ele precisa ainda fazer o exame de sangue pelo menos três vezes ao ano e se consultar a cada três meses. Diante da alta capacidade de mutação do vírus, essa disciplina, embora difícil, é fundamental. E é por causa dela, que Ricardo convive com o HIV há 26 anos, com momentos de trabalho e lazer muito bem definidos. Dentre todos os vírus conhecidos, o vírus da imunodeficiência humana (VIH), também conhecido por HIV (sigla em inglês para human imunodeficiency virus) está no ranking dos que possuem a maior habilidade para se transformar dentro do corpo humano. O que significa que, além de poder recombinar das mais variadas maneiras os oito subtipos existentes, o HIV 1 (tipo que predomina na América Latina) também se reproduz em altíssima velocidade: são seis milhões em apenas um minuto. “Eles falam em supervírus ou novos tipos do vírus, mas isso é o mal e velho HIV que se transformou durante o processo de mutação”, disse o médico infectologista, referência para o tratamento da doença no Rio Grande do Norte, Eugênio França. Segundo ele, a maior limitação para que a maioria dos casos seja como o de Ricardo é a falta de adesão dos pacientes ao tratamento. Muitos não seguem as orientações médicas e acabam com as partículas virais totalmente resistentes aos remédios. Mas não é fácil passar por todo o processo clínico. Além de um bom preparo psicológico para tomar o medicamento todos os dias até o fim da vida e ceder às limitações exigidas, como evitar consumo de álcool e controlar a alimentação, o paciente precisa enfrentar todos os efeitos colaterais. Náuseas, problemas digestivos, falta de memória, alucinações, manchas avermelhadas pelo corpo, pesadelos e o que mais incomoda: a lipodistrofia (transferência da gordura dos braços, rosto e pernas para abdômen e costas). Geralmente, o paciente recebe o medicamento na forma do famoso “coquetel”, que é uma combinação de três ou mais medicamentos para atuar em diferentes partes dessa conexão que o vírus faz com a célula. Mas uma vez dentro do corpo humano, o HIV pode sofrer dois tipos de mutação. A natural, que acontece durante a reprodução normal do vírus. Ou a mutação provocada pela corrente de resistência, que é quando o paciente deixa de tomar os medicamentos da forma adequada e, quando retorna o uso normal, o vírus já não sofre mais a ação do remédio. Lutando contra a doença desde os 17 anos de idade, Ricardo diz que já pensou em desistir. “Além das cinco pneumonias que eu já tive, eu passei por uma depressão muito forte e parei de tomar o remédio durante um mês, mas fui melhorando e voltei a tomar. Já estou na quarta combinação de remédios, porque as outras três que eu tomava já não funcionam mais”, disse. E nesses casos, o preconceito também fala alto. Ricardo conta que, quando era professor, alguns pais de alunos chegaram a mudar os filhos de sala quando descobriram que o professor era soropositivo. Para Tereza Dantas, além do aspecto físico, a banalização da doença tem dificultado a adesão dos pacientes. “Uma coisa é tratar uma pessoa que já ficou doente, que já precisou se internar, porque ela viu como é o sofrimento. Outra coisa é convencer o paciente, até então saudável, que nunca manifestou qualquer sintoma. As pessoas se esqueceram que a AIDS ainda mata”. Políticas Públicas/ ONGs Uma das saídas encontrada por Ricardo foi participar de movimentos sociais. O educador social se especializou em HIV e AIDS pelo Ministério da Saúde, para ficar mais próximo do assunto e, com isso, ajudar outras pessoas que enfrentam o mesmo problema. “Foi um choque quando eu descobri que estava com o vírus, eu vi meus sonhos morrerem. Na época, a gente ainda tinha o pensamento de que poderia morrer a qualquer momento, porque não tinham medicamentos disponíveis. Eu era um moleque ainda, não sabia como lidar com isso, mas resolvi contar para a família. A casa se desestruturou, eu tive que assumir minha homossexualidade junto com isso e foi difícil para administrar. Eu só vim entender mesmo a doença uns quatro anos depois e vi a necessidade de alguém que educasse as outras pessoas quanto a isso”, contou. Hoje, ele é um dos integrantes do Grupo Diaconia, uma Organização não-governamental que, dentre outras ações, trabalha com pessoas infectadas pelo vírus HIV. Um dos projetos é o “Amigos Positivos”, formado por pessoas que se uniram para tratar das questões decorrentes de problemas da Aids. Trabalhando com aproximadamente 17 igrejas evangélicas em todo o Estado, Ricardo diz que o grupo nasceu também com intenção de fazer os trabalhos de acolhimento de pessoas infectadas, realizar oficinas, palestras e cursos de educação continuada, inclusive no interior do Estado. Em conjunto com os Amigos Positivos, o Grupo atua em duas outras frentes. Uma é um acompanhamento direto aos pacientes com HIV do Giselda Trigueiro. “Nós fazemos acompanhamento espiritual, psicológico e um trabalho social, levando kits de higiene com sabonete, pasta, shampoo, absorventes, aparelhos de barbear para os que precisam”, disse Ricardo. A outra é um trabalho de adesão medicamentosa, incentivando o portador a fazer o uso da medicação. A ONG é sustentada pelos projetos da matriz em Pernambuco e por doações. Duas mil pessoas medicadas no RN O primeiro caso notificado no Rio Grande do Norte foi em 1983. Hoje, duas mil pessoas estão cadastradas para receber os medicamentos do Ministério da Saúde das duas unidades de referência existentes: o Hospital Giselda Trigueiro, em Natal, e o Hospital Rafael Fernandes, em Mossoró. A maior incidência dos casos é entre pessoas de 20 a 49 anos de idades. Em julho deste ano, 1.207 pacientes receberam os medicamentos no Giselda e 207, no Rafael Fernandes. A diferença de números se dá por causa de pessoas que mudaram de cidade ou faleceram e ainda não mudaram o cadastro, ou pelos pacientes que não estão mais indo buscar o medicamento. Por mês, 25 novas pessoas aderem ao tratamento no Estado. E O número de mulheres aumentou bastante nos últimos anos. Antes o volume era de vinte homens contaminados para uma mulher. Hoje, a proporção já está um para um. Segundo Sônia Cristina Lins, coordenadora do Programa DST-Aids da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesap), grande parte dos novos casos é representada pelas mulheres do lar. “E os casos estão aparecendo muito nas mulheres de família, casadas e que, muitas vezes, só tiveram o marido como parceiro sexual. É a vulnerabilidade da mulher diante da infidelidade do marido, do não uso de preservativos em relações instáveis”. A Sesap não notifica os casos de HIV, apenas os casos de AIDS. Ou seja, só quando o paciente apresenta os sintomas, é que a ocorrência entra no sistema. Desse modo, foram registrados de 2004 a 2008, 132 casos por ano, o que dá um total de 660 novas pessoas com sintomas da doença em cinco anos. Índice que diminuiu desde 1998, quando foram notificadas 176 pessoas doentes só neste ano. Como só existem duas unidades de referência para tratamento do HIV no Rio Grande do Norte, o paciente precisa se deslocar todos os meses até Mossoró ou Natal para conseguir o medicamento. Mas segundo Sônia Cristina, o Estado pretende construir hospitais de referência para tratamento do HIV em mais sete municípios do interior do estado. Teste identifica sensibilidade O teste de genotipagem permite identificar a sensibilidade aos medicamentos, conforme o conjunto de mutações ocorridas. No Rio Grande do Norte, o responsável pelo exame é o médico infectologista do Hospital Giselda Trigueiro, Eugênio França. “No Brasil, nós oferecemos a genotipagem prós-tratamento, que faz o teste depois de um período que o paciente já está usando o medicamento. A genotipagem pré-tratamento só está disponível para crianças aqui no país. Antes de iniciar o ciclo de remédios, faz-se o exame para saber logo quais os que não vão ser eficientes”, explicou. Segundo a médica infectologista Tereza Dantas, os medicamentos não podem matar o vírus, mas servem para inibir a sua multiplicação. Hoje, já existem mais de vinte remédios para tratar a AIDS. Eles atuam em quatro vias diferentes para inibir a reprodução do vírus, seja impedindo a ligação dele à célula, ou atuando diretamente na reprodução genética. Eugênio França explica que o HIV é chamado cientificamente de lentivírus, devido a sua lenta ação degenerativa. “O período de incubação do vírus é muito grande. Alguns pacientes já têm o HIV há 20 anos e ainda não manifestaram a doença. Existe também a janela imunológica ou período de soroconversão, que é o tempo de cerca de três meses, desde a entrada do vírus até o aparecimento do primeiro anticorpo”, explicou. Mas, com ou sem medicamentos, o consenso geral entre os especialistas é de que o melhor tratamento ainda é a prevenção, já que a vacina ainda não existe, e os remédios propõem o controle, mas não a cura da doença. “Tem que ser uma educação continuada. Usar preservativo na hora de fazer sexo, fazer exames regulares para detectar o vírus ainda no início e utilizar sempre sangue triado na hora das transfusões”, advertiu. Há ainda aqueles que não fazem o tratamento da forma adequada porque acham que não vale à pena enfrentar o sofrimento. Mas para eles, Ricardo deixa a mensagem: “Três ideais norteiam a sobrevivência nesse caso: lutar pela vida, acreditar nos sonhos e tomar os medicamentos. Eu vou viver o tempo que Deus me permitir, mas preciso dar qualidade para esse tempo”. CORREIO DA TARDE PACIENTES DO INTERIOR BUSCAM NA CAPITAL TRATAMENTO DE SAÚDE Todos os dias, vários pacientes saem dos mais distantes municípios do Rio Grande do Norte para se tratar na capital potiguar. A falta de estrutura no atendimento à saúde no interior do Estado aliada à precariedade de serviço especializado são os principais problemas enfrentados pelos pacientes. O estado potiguar possui 12 hospitais regionais, mesmo assim, esse número não é suficiente para desafogar o Hospital Walfredo Gurgel, referência em urgência e emergência no Rio Grande do Norte, nem hospitais como o Dr. Tarcísio Maia, em Mossoró. Problemas que poderiam ser resolvidos nos próprios municípios são trazidos para Natal. Os pacientes vêm procurando um atendimento melhor e mais avançado do que os do interior. A senhora Geralda Maria da Conceição, 48, realizou uma cirurgia na tireóide há cinco dias. Essa informação não teria muita relevância caso ela não tivesse saído do município de Luiz Gomes, na região do Alto-Oeste do Estado, na divisa com a Paraíba. Geralda afirma que o município não tem condições de realizar o procedimento cirúrgico. A filha de Geralda, Kátia Cilene, explica que, para minimizar os transtornos, a prefeitura da cidade paga a hospedagem dos pacientes em casas de apoio. Atualmente, elas estão na Casa de Apoio Oestana, que recebe pacientes de 21 municípios de todo interior do Rio Grande do Norte. “Aqui é muito bom, a comida é ótima e nós somos tratadas muito bem”, revela a acompanhante Kátia Cilene. Já Gernane Fernandes é mãe de Edson Eduardo, que desde o início do ano luta contra um câncer. Ela traz o filho para fazer sessões de quimioterapia no hospital especializado em oncologia, em Natal. Ela revela que o atendimento em Pau dos Ferros é ineficiente, e que não possui estrutura para atender seu filho. “Até para o dentista é difícil. Devido ao seu problema, os médicos dizem que não estão preparados”, diz. A mãe também revela que não há pediatra especializado em oncologia na cidade. “Não sei se é culpa do poder público ou dos médicos que preferem não trabalhar numa cidade pequena”, questiona. Sempre que vem a Natal, os dois ficam na Casa de Apoio Oestana, onde recebem alimentação e hospedagem, tudo pago pela Prefeitura de Pau dos Ferros. Natividade Meneses também sofre com a falta de estrutura dos hospitais regionais do Estado. A mulher de 52 anos também vive em Pau dos Ferros e veio a Natal para fazer exames para realizar uma cirurgia de transplante de rim. “Lá (em Pau dos Ferros) até tem clínica para fazer o exame, mas os médicos só aceitam os de Natal”, explica. Há três anos ela faz o procedimento de hemodiálise (filtragem artificial do sangue) na própria cidade. “Já fiquei internada no Hospital Regional de Pau dos Ferros, mas tive que ser encaminhada para Natal”, revela a paciente. “Uma vez, a médica disse que nem gases eles tinham para fazer curativo. Em Mossoró é do mesmo jeito”, completa. Cícero Gomes de Paiva também está na Casa de Apoio Oestana e acompanha sua esposa, Maria Gomes de Paiva. Ela possui câncer e há cinco anos faz tratamento na capital potiguar. O marido dela diz que a primeira cirurgia da mulher foi realizada ainda na cidade deles, em Riacho da Cruz, porém, as outras duas que foram feitas posteriormente, tiveram que ser realizadas no hospital Luis Antônio, referência no combate ao câncer. Casa de Apoio Oestana Há oito anos, José Sales da Costa, mais conhecido como Zezinho, decidiu montar uma casa para receber pacientes de todas as partes do Estado. O ex-vereador da cidade de Portalegre revela que sempre trabalhou com políticas assistencialistas. “Sempre recebia o pessoal na minha casa, por isso, decidi montar essa casa”, diz. Atualmente, a Casa tem convênio com 21 prefeituras do Rio Grande do Norte. “A prefeitura paga o translado, a hospedagem e a alimentação do pessoal e nós recebemos as famílias aqui”, explica Zezinho. O fluxo diário da casa é de cerca de 100 pessoas. “Algumas dormem aqui mesmo, nos alojamentos, outras passam apenas o dia e vão embora”, completa. Manter essa casa com a quantidade de pessoas que circula diariamente custa aproximadamente R$ 20 mil, que são distribuídos nos gastos de energia, água, impostos, salários e alimentação. Zezinho fala com orgulho que a casa já passou por três endereços e que a partir desse semestre construirá sua sede própria no bairro de Nova Cidade. “É um sonho sendo realizado, agora vamos poder ajudar muito mais pessoas”, comemora. Assessoria de Comunicação do Cremern Telefone: 4006-5343 Contatos: Casciano Vidal: 9990-1473 Ana Carmem: 9911-6570
Clipping Cremern – 17/08/2009: Notícias da área médica nos principais jornais do RN
17/08/2009 | 03:00