DIÁRIO DE NATAL O PESO DOS MEDICAMENTOS Uma lista de 20 mil produtos está mais cara desde 1º de abril. saiba como isso está afetando o seu bolso Reajuste pesa, mas ainda causa surpresa Hipertensão, diabetes, colesterol alto, problemas cardíacos, na tireóide e asma. O tratamento de doenças como essas, que necessitam de medicamentos contínuos, já está pesando mais no bolso dos brasileiros desde o dia 1º de abril, quando o governo federal autorizou o reajuste no preço dos medicamentos em 5,9%. Em Natal, as farmácias iniciaram o repasse dos novos valores cerca de duas semanas atrás, mas o que se pode ver visitando esses locais é que os consumidores ainda não se deram conta de que estão pagando até R$ 12 mais caro pelos remédios. Acostumados a comprar medicamentos rotineiramente, muitas vezes eles nem perguntam qual o preço, e o ‘‘baque’’ só é sentido no momento em que chegam ao caixa. Foi o que aconteceu com a comerciante Meire Lande Macêdo, 40 anos, hipertensa. Há três anos ela toma o Ablok Plus 50mg e, devido ao hábito de comprar sempre o mesmo remédio, entrou numa Drogaria Pague Menos, pediu a caixa de comprimidos no balcão e já ia se dirigindo ao caixa, quando foi abordada pela nossa reportagem. Ao ser questionada sobre o que achava do reajuste autorizado desde o início do mês, Meire não só desconhecia a mudança de preço como não sabia que iria pagar R$ 3,34 a mais pelo medicamento que estava levando. Virou-se para o balcão, perguntou o preço e se surpreendeu quando lhe disseram que estava custando R$ 19,64, contra os R$ 16,30 do mês passado. ‘‘Vai fazer diferença no orçamento, mas eu tenho que comprar, fazer o quê?’’, argumenta. O problema é que muitos brasileiros como Meire Lande, que comprometem em média R$ 150 por mês com medicamentos, não têm muitas alternativas para driblar o reajuste. No caso da comerciante, que mora com o marido e dois filhos, um dos quais tem problema de queda de cabelo e também faz uso de um remédio contínuo, ela vai passar a gastar, no mínimo, R$ 10 a mais com a compra dos remédios. O assistente de gestão da Pague Menos da Avenida Rio Branco, Deyvid Nery, onde o repasse dos novos valores está sendo feito aos poucos, explica que os consumidores que já sentiram o reajuste só têm uma opção: reclamar. ‘‘As pessoas reclamam, mas medicamento não é algo que se possa deixar de comprar ou simplesmente escolher não comprar. Elas têm que levar pra casa mesmo pagando mais caro’’, registra. Na farmácia Irmã Dulce do Alecrim, a história é diferente. A gerente e farmacêutica Marilma Galvão conta que desde o último dia 7 a drogaria começou a repassar os novos preços aos consumidores e desde então os potiguares têm aceitado de forma tranquila a política. ‘‘Como foi bem divulgado pela mídia, as pessoas estão cientes. Apesar de reclamarem do preço mais alto, elas se conformam e levam os remédios para casa, até porque elas sabem que não é um aumento único da farmácia, é do Brasil inteiro’’, destaca. A teoria da farmacêutica não serviu para a autônoma Francisca Antônia de Souza, que não sabia da mudança de preço anunciada pelo governo federal no início do mês. Ao chegar ao balcão de uma Drogaria Globo, no bairro de Tirol, e fazer uma compra de R$ 70 em remédios para a infecção intestinal da filha Brenda Victória, 2 anos, Francisca se deu conta de que estava pagando realmente mais caro. ‘‘A partir de agora vai ficar mais difícil pra gente, que tem um orçamento apertado’’, admite. Ela é uma das potiguares que não gastam muito com remédios todo mês, mas por ter uma criança em casa, quando adoece, o gasto é exorbitante. ‘‘Brenda demora a adoecer, mas quando acontece, a paulada é grande’’, diz ainda. Farmácias repassam o aumento aos poucos Em uma drogaria Santa Fé da Avenida Hermes da Fonseca, o gerente Sátiro Júnior conta que a mudança de preço chegou às prateleiras apenas no domingo passado. ‘‘Seguramos porque dependíamos da distribuidora’’, justifica. Na opinião dele, não houve mudança no comportamento do consumidor da última semana para cá, ‘‘porque o reajuste foi muito pequeno’’. O gerente da farmácia ainda mostrou algumas mudanças de preço: o anticoncepcional Diane, por exemplo, saiu de R$ 17,64 para R$ 18,57, assim como o antibiótico Astro saiu de R$ 31,59 para R$ 32,40. Uma das drogarias Amadeus em Natal, no bairro do Tirol, reajustou os preços na quinta-feira da semana passada. No entorno de vários hospitais particulares, a farmácia não sentiu diferença no comportamento do consumidor diante do aumento. O gerente Cristiano José conta que só na Zona Norte houve mudança. ‘‘Nos reunimos com todos os gerentes e descobrimos que os clientes da Zona Norte estão adiando a compra de remédios contínuos para o início do mês, quando estarão com mais dinheiro’’, registra. Segundo ele, os remédios ficaram em média R$ 4 mais caros, podendo a diferença chegar até R$ 11. Este é o caso do Spiriva, para asma, que saiu de R$ 329,00 para R$ 340,00. A partir do dia 31 de março, 20 mil remédios ficaram até 5,9% mais caros em todos os cantos do país. Com exceção dos homeopáticos, fitoterápicos e de cerca de outros 400 remédios de grande concorrência no mercado, que não precisam de prescrição médica, como Dipirona e Melhoral, o restante foi enquadrado no reajuste que levou em conta, entre outros itens, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O reajuste de preços é concedido anualmente, no dia 31 de março, e leva em conta a participação dos genéricos no mercado, a projeção do lucro dos laboratórios e de custos dos insumos e o IPCA acumulado nos últimos 12 meses – de março de 2008 a fevereiro deste ano. No ano passado, o reajuste de preço chegou a 4,61%, para os medicamentos inseridos no chamado nível 1, ou seja, para aqueles em cujo segmento há participação igual ou superior a 20% dos genéricos no mercado. Para os de nível 2, em que os genéricos têm participação de 15% a 20%, o aumento foi de 3,56%, e para os de nível 3, onde os genéricos representam menos de 15% do mercado, os preços subiram 2,52%. “REMÉDIOS” PARA ECONOMIZAR EM NATAL Em frente à farmácia Irmã Dulce do Alecrim, a reportagem de O Poti encontrou uma Farmácia Popular de Todos, mantida pelo governo federal em parceria com o Governo do Estado e que oferece remédios até 90% mais baratos que os de mercado. Como ainda não recebeu qualquer comunicado de reajuste por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as farmácias permanecem praticando os preços do ano passado. O assistente de gestão Rogério Luiz Costa conta que esse tipo de informação vem da Fundação Oswaldo Cruz e que até quarta-feira desta semana nenhum comunicado havia chegado. Dessa forma, as farmácias populares ainda se constituem a melhor alternativa para comprar medicamentos mais baratos. ‘‘Os laboratórios firmam convênios com o governo federal para praticar o menor preço possível e os remédios podem ser até 90% mais baratos’’, explica Costa. Para comprar medicamentos nesses locais, é preciso apenas apresentar documento de identidade e a prescrição médica dos remédios. Entre os 95 itens que a farmácia comercializa, estão os concorridos Amoxicilina, Cefalexina, Diazepam, Metildopa (para hipertensão), Neomicina, Propanolol, Sulfametoxazol e Verapamila. A presidente do Conselho Regional de Farmácia do Rio Grande do Norte, Célia Aguiar, reforça que um dos caminhos que o consumidor tem para driblar o incremento nos preços são essas farmácias. Principalmente aqueles que sofrem de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, e precisam ingerir medicamentos todos os dias. ‘‘Os consumidores também podem negociar descontos nas drogarias particulares’’, aconselha ainda. Há, ainda, a alternativa dos genéricos, que apesar de também terem sido reajustados, podem ser até 40% mais baratos que os remédios de marca. A Unidade de Agentes Terapêuticos (Unicat), que concede de forma gratuita medicamentos a pacientes comprovadamente necessitados, é outra opção apontada por Célia Aguiar. As farmácias de manipulação também são uma alternativa para os natalenses que não querem pagar mais caro pelos remédios. Como esse nicho de mercado funciona de acordo com as variações do dólar, ele não seguiu as determinações de mudança autorizadas pela Anvisa. Na Farmafórmurla, por exemplo, o diretor-presidente da rede, Júlio Maia, explica que com a estabilidade do câmbio os preços têm se mantido no mesmo patamar. ‘‘Trabalhamos sempre tentando minimizar os preços, diminuindo nossa margem de lucro, até porque a manipulação só sobrevive por ter um preço melhor do que as drogarias comuns’’, justifica. O que acontece nesse segmento é que quando uma matéria-prima, isoladamente, entra no país com o dólar alto, as farmácias reajustam os preços. Mas quando a moeda estrangeira aumenta 3%, por exemplo, não se mexe no valor final ao consumidor. ‘‘Não pode ser dessa forma, porque isso inviabilizaria o segmento de manipulação”. Assessoria de Comunicação do Cremern Telefone: 4006-5357 Contatos: Casciano Vidal: 9990-1473 Ana Carmem: 9911-6570
Clipping Cremern – 20/04/09: Notícias da área médica nos principais jornais do RN
20/04/2009 | 03:00