O cruzamento entre os valores pagos pela Tabela SUS e os custos reais de uma unidade hospitalar pode gerar um estrago sem precedentes. A variação negativa pode chegar a 13.000% em determinados procedimentos ambulatoriais e pequenas cirurgias. Esse foi o percentual apontado por levantamento da Confederação das Misericórdias do Brasil (CMB), feito com base nas contas de três das maiores Santas Casas do País (Belo Horizonte, Maceió e Porto Alegre).

Para chegar a esses resultados, os hospitais reuniram os chamados subgrupos de alta e média complexidade e o atendimento ambulatorial de um mês, apontando os custos e as receitas provenientes do contrato com o SUS.  Os percentuais correspondem à diferença entre o valor que falta (quando déficit) ou sobra (quando superávit) da receita produzida, após deduzir todos os custos e despesas. Mesmo lançando os incentivos federais e estaduais, a conta média fecha o período no vermelho, com déficit de 41% na média complexidade, mais de 42% no ambulatorial e de 10% na alta complexidade (confira abaixo os principais resultados).

Na Santa Casa de Porto Alegre (RS), a avaliação apontou essa perda acumulado no caso de cirurgias do aparelho circulatório.  O custo de uma cirurgia bucomaxilofacial, por exemplo, teve perda de 2.700%. Os déficits foram apurados entre os meses de maio e junho do ano passado. Para o presidente da CMB das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), Edson Rogatti, a defasagem da Tabela SUS é um dos principais motivos para uma dívida de quase R$ 17 bilhões que afeta a rede filantrópica atualmente.

“Os débitos foram geradoss pelo subfinanciamento que as unidades recebem para atender o SUS. Porém, quanto mais se atende pelo SUS, mais prejuízo se tem, pois essa tabela está sem aumento há mais de uma década”, disse. Nas três filantrópicas – referências em gestão e volume assistencial – a dimensão do déficit do setor chega a 233% nos resultados econômicos de internação da média complexidade e a 40% negativos na a alta complexidade. Nos custos ambulatoriais, o déficit médio foi de 111% nestas unidades. Na capital mineira, o prejuízo chegou a 277% negativos.

Provedor e integrante do corpo clínico da Santa Casa de São Luís (MA), o conselheiro Abdon Murad neto, representante do Maranhão no CFM, argumenta que se a Tabela SUS fosse reajustada de acordo com os custos dos hospitais, as Santas Casas não estariam em crise. “As Santas Casas brasileiras e demais hospitais filantrópicos são responsáveis por 60% dos atendimentos do SUS e, portanto, merecem receber do Governo Federal atenção e respeito. Se esses hospitais fechassem suas portas por falta de condições financeiras, o caos seria implantado e a população dependente do SUS sofreria muito. Isso pode ser evitado com a atualização da Tabela de pagamento do SUS”, defendeu.

Impacto da defasagem nas contas das filantrópicas

Impacto da defasagem nas contas das filantrópicas

Aviso de Privacidade
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o Portal Médico, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.