No dia 19 de julho passado, tive a oportunidade de participar de uma audiência, solicitada pela autarquia Conselho Federal de Medicina e Conselhos Regionais com o Ministro da Saúde, Ricardo Barros, Engenheiro Civil de formação, empresário, autointitulado gestor, mas que na prática atua na política partidária desde o século passado. Por “méritos” políticos, foi alçado ao presente cargo, onde parece ter caído de paraquedas por reconhecer durante a audiência, ser um desconhecedor do tema e que por isso tem buscado auxílio nas entidades de saúde. O discurso da humildade seria louvável se as entidades que o auxiliam fossem verdadeiramente ouvidas, o que na prática não tem acontecido. Aristóteles já dizia na Grécia antiga que “Nós somos o que fazemos repetidas vezes. Portanto, a excelência não é um ato, mas um hábito.”. Como podemos aceitar que alguém caia de paraquedas para solucionar uma grave crise. Importante salientar que ele não foi o único a cair de paraquedas na pasta da saúde e provavelmente esse tenha sido um dos fatores preponderantes para as decisões equivocadas tomadas ao longo dos últimos anos. |
Entregamos ao Ministro um manifesto no qual a autarquia se posiciona ao lado da população e dos médicos brasileiros em defesa da saúde pública e alerta que utilizará de suas prerrogativas judiciais e extrajudiciais na defesa dessa nobre causa. Foram anexados relatórios de fiscalizações e relatos das situações encontradas em todos os estados da federação, somando mais de 15 mil páginas |
A apresentação feita pelo Ministro foi surpreendente em vários aspectos. Baseou-se em estatísticas e números matemáticos direcionados a interesses não revelados, mas claramente decodificados pela plateia que o assistia, formada por conselheiros médicos de todo país. Tais dados se adequam a Engenharia, ciência exata, mas são pouco eficazes na área da saúde. Afirmou que o problema da saúde primária está relacionado à baixa produtividade dos profissionais e esqueceu que este item não depende apenas da atuação do profissional, mas também de estrutura adequada. Afirmou que a solução do problema será investir em equipamentos de controle de presença dos profissionais e na informatização de toda assistência primária do país.
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Ele acredita em soluções tecnológicas de alto custo em detrimento de soluções de menor custo e maior eficácia como a estruturação dessas unidades de saúde. Algumas sem pia para lavar as mãos, outras sem banheiros, muitas sem local adequado para a realização do ato médico, umas quantas sem equipamentos básicos de assistência como termômetros, estetoscópio, medicamentos e outros, além de locais insalubres e impróprios para a presença humana. Teremos tecnologia de ponta na atividade meio, mas seguiremos em falta com a atividade fim que é a assistência aos nossos pacientes. A expectativa foi pior daquela do ouvir falar. |